Sydney e o “Australian Dream”

* Fotos por Demetrios Kolovos

Antes de viajarmos para um local sempre pesquisamos a respeito do país, do estado e da cidade. É uma tarefa até que fácil. A Wikipedia nos traz um belo overview histórico e geográfico da região. É comum encontrarmos sites oficiais de cidades focados em turismo com todos os detalhes de atrações, fotos, mobilidade etc. Os blogs são fontes riquíssimas de dicas e roteiros. Praticamente encontramos tudo na internet! E ainda que a televisão e o cinema são veículos fundamentais na disseminação das culturas dos países – muitas vezes são filmes que nos instigam a determinar um local como destino.

São tantos canais e meios que eu ainda fico chocada quando chego em um lugar e ele é diferente do que eu imaginava. Já li tanto, já pesquisei tanto, como pode ser tão diferente? E isso sempre acontece. Desde o nosso primeiro destino, que foi o Havaí, e em Sydney não foi diferente. Sydney é uma cidade muito maior do que eu imaginava, com praias muito mais lindas e com um surpreendente estilo de vida inventado pelos australianos e assumido pelos milhares de estrangeiros que fazem a roda girar nessa metrópole.

Ingleses, irlandeses, chineses, indianos, vietnamitas e neo-zeolandeses compõem aproximadamente 40% da população, sendo que 60% são os donos da casa. Essa mescla de etnias é nítida e visível quando você circula pela cidade, mas mesmo assim nossa impressão é que o “estilo de vida australiano” prevalece e acaba por influenciar quem escolheu o país como segundo lar.

Mas afinal, o que é esse “estilo de vida australiano”? Começo explicando um pouco do perfil dos próprios australianos, segundo minha percepção. As palavras que podem melhor definí-los são: informais, despojados e autênticos. Exemplificando: 1) informais – não ligam para protocolos, códigos de vestimentas e coisas do tipo 2) despojados: usam chinelos em restaurantes chiques, entram em banheiro da praia descalços (ok, isso é meio estranho) 3) autênticos – não estão nem aí para o que os outros pensam!

Com essa postura de “I don’t fuck care for what you think about me” – Eu não ligo a mínima para o que você pensa de mim – eles vivem centrados em aproveitar a vida. Trabalham o mínimo possível para sustentar o estilo de vida que apreciam, o que gera brechas e oportunidades para os estrangeiros que saem de países de terceiro mundo em busca de bons empregos e boa remuneração.

Australiano gosta de viajar! Pela própria Austrália, muito pela Ásia e mundo afora também. E quando viajam dentro do próprio país, o fazem de uma maneira diferente. Os vôos internos são caros até mesmo pra eles, mas isso não é problema, afinal australiano que é australiano viaja de trailler! Se não tem o próprio trailler, alugam de uma das centenas de empresas especializadas, que acabaram modernizando o conceito de trailler para campervans ou motorhomes, verdadeiras casas motorizadas.

Eu resumiria o “Australian Dream”* (sonho australiano) em trabalhar, reproduzir (sim, eles tem muitos filhos), economizar (mas nunca desligar o ar condicionado da casa!), viajar muito e curtir a vida! Bem diferente do famoso “American Dream”**, trabalhar, casar e ganhar dinheiro para comprar uma casa enorme e um carrão. Nós gostamos do Australian Dream! Nos identificamos e aqui em Sydney começamos a esboçar o que pretendemos para as nossas vidas pós viagem de volta ao mundo.

Passamos 6 dias em Sydney hospedados na casa de um casal de amigos, como expliquei no post anterior. Fizemos um roteiro que mesclou passeios óbvios com alguns momentos dedicados a descanso e ao planejamento da viagem. Deixamos muita coisa para trás, temos consciência disso, mas foi muito gostoso ficar hospedados com amigos e simplesmente passar tempo com eles. Além do que fomos embora com a certeza de que um dia vamos voltar! Ah vamos!

As belas praias

Nosso primeiro dia na cidade era um sábado então o Marcelo e a Lu nos levaram para conhecer as principais praias de Sydney. Fizemos praticamente um city tour e nossos amigos foram uns santos, atendendo a todas as solicitações do Demetrios de parar o carro para tirar fotos.

Eu achei incrível o fato de TODAS as praias da cidade terem uma piscina natural pública! Por vários motivos: 1) a presença de tubarões, que são o terror de banhistas e surfistas 2) a presença de água vivas, sendo algumas espécies mortais 3) a água do mar é muito gelada, portanto as piscinas permitem dar um mergulho sem sofrimento. Além de útil, o visual da praia com a piscina é demais. Passamos por pelo menos 4 praias e todas eram lindíssimas!

Entrando no clima australiano: picnic na praia!

Vimos uma cena muito engraçada, uma cacatua que estava voando de repente desceu no meio de uma rua e os carros tiveram que parar para esperar a boa vontade dela de retornar aos ares. Minha reação espontânea foi dar um berro achando que iriam atropelá-la, mas a Lu me explicou que os australianos são defensores fervorosos dos animais, jamais iriam atropelar um bichinho. Aí você se pergunta, de onde saiu essa cacatua? Fugiu do zoológico? Não, elas estão em todas as partes! Por aqui é super normal, elas enfeitam os céus.

Após atrapalhar o trânsito ela foi petiscar na varanda de um apartamento.

Depois da maratona de praias fechamos o dia jantando em um Pub na famosa praia de Manly, uma das mais badaladas da cidade. Jantar delicioso, com boa companhia e eu e Demetrios pudemos seguir com nosso clássico bombardeamento de perguntas aos amigos locais. Ainda que aqui tivemos o privilégio de passar 6 dias conversando com brasileiros que moram na Austrália a anos, pois nos demais países acabamos pegando garçons, taxistas e pessoas que trabalham nos hotéis para fazermos perguntas e tentar entender melhor a cultura da região.

Momento lagartixa 

Tiramos um dia para lagartixar na praia. Engraçado como o jeito que curtimos praia no Brasil é totalmente peculiar, é muito difícil encontrar praias pelo mundo que tenham infra estrutura como a nossa, principalmente em termos de alimentação. Ai que saudades de comer um milho verde sentada na cadeira de praia! E ainda que aqui na Austrália é proibido consumir bebida alcóolica em lugares públicos. Mas tudo bem, nos adaptamos.

Levamos um kit praia emprestado pela Lu e pelo Marcelo com cadeiras e guarda sol e passamos a manhã toda só relaxando. Não podíamos ir embora sem entrar no mar, mas como a água é realmente muito gelada, acabamos dando um tchibum num canto em que a água era rodeada por pedras, ficando assim menos gelada.

Sydney Royal Botanic Gardens

O Jardim Botânico de Sydney, além de ser lindíssimo, oferece uma vista exclusiva do Ópera House e da Harbour Bridge (vocês com certeza já viram fotos deste ângulo), portanto uma visita a ele era mais que certa. Como o mês de janeiro é o mais quente da cidade, não tivemos problemas com o tempo – sol rachando na cuca o dia inteiro.

Interessante contraste dos prédios da capital com as árvores do Jardim Botânico.

E esses dois que não se contentaram com uma foto e quiseram mergulhar na Baía de Sydney!

Para chegar ao Jardim Botânico usamos pela primeira vez o transporte público, fomos de trem. Compramos os bilhetes facilmente em uma máquina, os vagões estavam em perfeitas condições de limpeza, mas o custo assustou. A Austrália tem o transporte público mais caro de todos os paises que visitamos. Ainda assim é a melhor maneira de circular pela cidade, saímos um dia de carro e nos deparamos com um estacionamento que custavam AU$29… por hora! É realmente um convite para não circularem no centro de carro.

Sydney Opera House e Harbour Bridge

Os dois pontos turísticos mais tradicionais da cidade não requerem nenhum passeio específico para apreciá-los. Nós não fomos ao Opera House e não caminhamos pela Harbour Bridge, pois achamos suficiente simplesmente vê-los! E a noite então, é de tirar o fôlego.

Featherdale Wildlife Park

A Austrália teve uma bela sacada de marketing e por aqui chamam zoológico de santuário. Fica menos agressivo, não? Visitar um santuário é um passeio obrigatório, pois você não terá outras oportunidades de ver de perto animais que são exclusivos deste continente. Claro que no fundo a grande expectativa é ver cangurus e coalas!

E os coalas roubaram a cena! Donos de uma personalidade interessantíssima (brincadeira!), 99% deles estavam dormindo entre os galhos de árvores (coalas dormem 11 horas por dia) e somente 2 estavam  acordados para tirar fotos com os visitantes. Inclusive esse que tiramos foto acho que não estava muito feliz, devem ter tirado ele de um sono profundo… ou ele estava de ressaca! rs

“Por que diabos me tiraram da cama?!”

Tivemos um pouco de dó do demônio da Tasmânia. Ele ficava andando em círculos sem parar, sendo que as vezes invertia o sentido. Como a maioria das pessoas devem se chocar com a cena, tinha uma placa explicando o excesso de excitação natural dos bichinhos e dizendo que de tempos em tempos eles mudam o layout da sua área, para que ele possa explorar novos “horizontes”.

A Austrália é sabidamente um país caro, então fomos nos acostumando e não nos surpreendemos de pagar AU$60 (+/- R$127) por pessoa para entrar no parque. Valeu pena! Afinal coalas, só por aqui mesmo.

Nos dias seguintes aproveitamos alguns períodos para colocar em dia o conteúdo do Blog, que estava super atrasado, tarefa essa nada difícil de ser realizada ainda mais por estarmos tão bem acolhidos! Lu e Marcelo foram incríveis, mimaram a gente de todas as maneiras possíveis! Além de emprestarem o Brian (na foto abaixo) como nosso fiel companheiro de descanso, ainda fizeram feijoada e pastel para matarmos saudades, imaginem a nossa vontade de ir embora?!

Brian, nosso fiel companheiro!

Unindo o mais interessante life style (estilo de vida) que conhecemos com praias maravilhosas  e ainda infra estrutura e serviços que só uma cidade grande tem, realmente Sydney parece ser o melhor lugar do mundo para morar! Só faltou um quesito, esse de grande importância para mim, a família.

* Australian Dream segundo nossas impressões
** Americam Dream segundo nossas interpretações

Informações úteis

Sydney Royal Botanic Gardens
http://www.rbgsyd.nsw.gov.au/ 

Featherdale Wildlife Park
http://www.featherdale.com.au/

Fonte de pesquisa da demografia de Sydney
http://en.wikipedia.org/wiki/Demographics_of_Sydney

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