Post #1 Nova Zelândia: a Campervan
* Fotos por Demetrios Kolovos
Nossa história com a Nova Zelândia e as Campervans
Este post inaugura uma sequência de muitos outros que irão contar toda a nossa experiência de desbravar as 2 ilhas da Nova Zelândia a bordo de uma Campervan (ou Motorhome ou se você preferir à moda antiga, trailler). Foram 22 dias tão intensos que seria impossível relatarmos tudo em 2 posts como havíamos planejado (1 para Ilha Norte e 1 para a Sul). Perderíamos muitos detalhes, muitas histórias, aventuras e principalmente, nosso aprendizado nessa empreitada.
Decidimos ainda no Brasil percorrer a NZ (Nova Zelândia) em uma Campervan ao ler relatos em Blogs e inclusive saímos daqui com todos os detalhes da empresa onde alugaríamos e o modelo do carro escolhido (http://www.britz.co.nz/). Nossa expectativa era de viver uma aventura, mas sabíamos que havia um grande risco de se tornar na verdade um baita perrengue, por conta da complexidade de organizar o roteiro com a viagem em andamento e também pela probabilidade do desconforto se tornar cansativo. Pagamos pra ver!
Apesar de termos feito grande parte das pesquisas no Brasil, só fechamos efetivamente a reserva da Van 1 mês antes – o que foi extremamente arriscado, pois viajamos pra lá em fevereiro, mês considerado alta temporada para esse tipo de passeio. Escolhemos uma empresa mediana, nem a melhor, nem a pior, e o mesmo valeu para o modelo da Van, nem a mais top e nem a mais simples.
Uma semana antes de iniciarmos a viagem tomamos o cuidado de reservar todos os Camping Sites – estacionamentos de Vans com infraestrutura para pernoitar (cozinha, banheiros, etc). A Nova Zelândia tem toda a infraestrutura necessária para que esse tipo de viagem seja realizada com tranquilidade e mais, com perfeição. Além de terem dezenas de Camping Sites espalhados por todas as cidades e estradas (até as mais inóspitas), durante os caminhos você facilmente encontra pontos de parada para organizar uma refeição, com pias, mesas e banheiros.
Regra básica pra quem vai fazer esse tipo de viagem: você não pode estacionar/pernoitar onde não for permitido. Dá multa, apreensão e muita dor de cabeça. Existem alguns parkings gratuitos, mas como nós somos brasileiros e paulistas (medrosos e sempre desconfiados de perigos), optamos por pagar e dormir em locais que entendemos serem realmente seguros. Nas pesquisas pelos Camping Sites descobrimos uma rede, uma espécie de Ibis ou Mércure, chamada Top 10 Holiday Park. Vimos que tinham boas avaliações e decidimos reservar com essa empresa em todas as cidades que passaríamos – sábia decisão!

Para garantir ainda mais nossa segurança, compramos um Chip com linha telefônica e 3G ainda no aeroporto de Auckland logo que desembarcamos, assim caso ocorresse um acidente em alguma estrada deserta teríamos como chamar por socorro (medrosos, precavidos, neuróticos, chame-nos como quiser!).
A retirada da Campervan
E chegou o tão sonhado dia! Pousamos em Auckland numa quarta-feira a noite e pernoitamos num Ibis do aeroporto, pois a retirada da Van estava agendada para o primeiro horário da quinta-feira. No dia seguinte um serviço de traslado da própria empresa nos pegou em frente ao aeroporto e nos levou diretamente para o local da retirada, tudo agendado e articulado pela nossa linha telefônica local! Viram como já começou sendo útil!

O local era similar a uma recepção de hotel, tanto na aparência quanto no processo. Após apenas meia hora de espera a consultora veio iniciar nosso Checkin. Ela basicamente nos explicou as principais regras contratuais, nos entregou toda a papelada (que incluía manuais de uso, endereços de Campings, etc), nos levou e apresentou à nossa Campervan. Eu e o Demetrios tínhamos combinado de alinhar nossas expectativas por baixo: esperávamos por uma van usada ou antiga, um pouco suja e desconfortável, mas quando ela apontou para o nosso carro não tinha como conter o riso e a surpresa! A Van era super nova! Estava muito limpa! E aparentava ser muito confortável! Ficamos em êxtase, empolgadíssimos ainda com o fato de termos recebido um upgrade gratuito do modelo do carro! Baita sorte.


A Campervan
A Van era uma Fiat Ducato adaptada com cozinha, banheiro completo (privada e chuveiro) e uma sala/quarto.
>> Banheiro
O banheiro era “completo”, com vaso sanitário e chuveiro. Usamos o chuveiro apenas 1 vez, depois descobrimos que valia muito mais a pena tomar banho nos próprios Campings, que tinham banheiros extremamente limpos. Quando formos fazer novamente esse passeio (ah, vamos!) pretendemos pegar uma Van só com privada, sem chuveiro.
>> Cozinha
A cozinha era muito equipada! Com pia, fogão, geladeira e todos os utensílios necessários para cozinhar: panelas, pratos, copos, talheres, torradeira, chaleira térmica e microondas.
>> Sala e quarto
Durante o dia deixávamos a cama desmontada e usávamos essa área como uma sala ou cozinha para fazer as refeições. Acima dos bancos usamos as prateleiras como armário para nossas roupas e deixamos as malas guardadas nos espaços que tinha embaixo dos bancos da sala.
A noite montávamos a cama e “voilá”! Nosso delicioso quarto aparecia.
Como ela funciona
Por curiosidade, vou explicar como uma Campervan funciona, pois acho que vai ajudar a ilustrar melhor nossa rotina.
- Energia: Para que as tomadas dentro da Van e o Microondas funcionassem, era necessário conectar a Van em um ponto de energia, disponível sempre nos Campings Sites. Quando você faz uma reserva em um Camping é necessário escolher uma vaga com um ponto de energia. A Van tem 2 baterias, uma normal do carro e outra que comporta a parte “casa”.


- Água: A Van tem um reservatório de água da torneira da pia que de tempos em tempos precisa ser descarregado e recarregado. Normalmente no lugar onde estacionávamos tinha uma torneira para abastecê-lo e para descarregar existem áreas chamadas “dump station” ou “estação de despejo”. Lá, além de descarregar a água suja da pia, você também despeja os detritos do banheiro, que é um processo um pouco mais complexo e será explicado em outro post.
- Banho: Como eu disse só tomei um banho na Van. Não por frescura, mas é que os banheiros dos campings eram tão limpos e bons que não tinha motivos pra gente se espremer na Van.

- Banheiro: Já o banheiro usamos mais, somente para número 1 em situações específicas, por exemplo quando acordávamos de madrugada com vontade de fazer xixi, ou se tínhamos vontade no meio da estrada e não tinha onde parar.
Os campings
Quase todos os Campings em que ficamos eram da rede Top 10 Holiday Park, mas em algumas cidades optamos por outros (seja por valores ou disponibilidade). Independente disso todos tinham uma estrutura muito parecida e legal. Vamos contar como eles são com fotos, abaixo.


E: Nossa Van estacionada na vaga, conectada na energia D: Exemplo de uma Van fixa no Camping para locação


Cozinhas compartilhadas, com toda infraestrutura e sempre muito limpas


E: Alguns campings tinham piscinas, esta era aquecida D: Lavanderias compartilhadas com custo baixo para lavar e secar


E: Explicação de como funcionava o banho, após pressionar o botão tínhamos 5 minutos de água quente e no minuto final o chuveiro pulsava uma ducha gelada para sabermos que só restava mais 1 minuto D: Banheiros e áreas de banho compartilhadas sempre muito limpos
Pé na estrada!
Depois de fazermos o reconhecimento da nossa casa/carro (ou carro/casa), nos restava botar o pé na estrada! Na estrada de mão de inglesa, claro, não podemos ignorar esse detalhe. Isso não foi muito problema para o Dimi, pois como já dissemos em outro post ele morou muitos anos em Londres, o mais complicado seria se adaptar ao tamanho da Van, mas sinceramente ele tirou de letra. Em poucas horas já estava dirigindo descontraído.
Nosso primeiro destino era Waitomo, uma cidade que fica a 2 horas de Auckland. No caminho paramos em um mercado e fizemos nossa primeira compra. A ideia era realmente utilizar a cozinha da Van para todas as refeições, assim economizaríamos significativamente com a alimentação. Compramos tudo para o café da manhã (pão, frios, manteiga, suco, café), itens para o almoço/jantar (frutas, macarrão, molhos, carnes, saladas) e petiscos claro (salgadinhos e cerveja). Compramos alguns itens de higiene e limpeza (perfex que nos salvou em várias situações, papel toalha, papel higiênico).

Na saída do mercado notamos que a trava automática da Van não estava funcionando, uma das portas não trancava nem com a chave. Pronto! Falei que ía ser perrengue, ai ai ai. Nada disso, ligamos para o seguro (foi tudo devidamente nos explicado no checkin), explicamos a situação e agendamos um técnico para o mesmo dia, que compareceu e arrumou a trava no próprio Camping onde íamos pernoitar. Isso é Nova Zelândia minha gente!

Sabíamos que o caminho de Auckland para Waitomo não tinha nada demais, nenhum grande atrativo e seria mais um momento para nos adaptarmos a Van, às estradas, ao novo ritmo de viagem. Nossa expectativa era zero, mas foi justamente nessas 2 horas que caiu nossa ficha do que era a Nova Zelândia. Ficamos muito impressionados desde este momento com as paisagens, com as estradas e com a atmosfera do país! Um mix de telas de quadros, com cenários do Senhor dos Anéis, com a idealização de céu e paraíso que construí na minha infância católica. Uau! É muita beleza em um só país! E só tinham se passado 2 horas de estradas, das mais básicas.
Nossa expectativa se elevou automaticamente e espero que a de vocês também para ler os próximos posts! Na sequência vamos contar como foi em Waitomo, uma cidade famosa por suas cavernas e os curiosos Glowworms (sim, vermes brilhantes!). No próximo post!
A Campervan, os campings e as estradas
Desbravamos a Nova Zelândia a bordo de uma Campervan e vivemos os 22 dias mais incríveis dessa viagem, repletos de
Adorooooo ter acesso as histórias dessa viagem. Da vontade de ir pra casa e fazer a mala AGORAAAA e sair rodando o mundo.
Welcome back!! Muito divertido!